Visitas dos Estados Unidos

No dia 30 de outubro de 2012, Irmã Marilisa Helena da Silva, Ministra Geral das Irmãs Franciscanas Bernardinas, chegou na Casa Provincial em Porto Alegre para uma visita que incluiu várias atividades. Logo depois, a Irmã Rosemary Stets, Conselheira Geral, também chegou. Algumas atitvidades já foram publicadas nos artigos sobre o Jubileu e a Assembleia Provincial. Leia mais aqui para mais fotos e uma linda reflexão sobre a viagem para Dom Feliciano, escrita por Ir. Rosemary.

 

Irmã Rosemary, que chegou no dia 4 de novembro, participou de várias reuniões da Liderança Provincial antes de celebrar seu Jubileu de ouro (Artigo: Jubileu 2012!) e participar na Assembleia (Artigo: Assembleia Provincial 2012). Antes da Assembleia, fez uma viagem para Dom Feliciano para conhecer o berço da congregação no Brasil. Segue a reflexão dela, com fotos da viagem.

Peregrinação a Dom Feliciano – Uma reflexão

Na quarta-feira, dia 8 de novembro de 2012, as Irmãs Marilisa, Rosemary e Brígida, nossa motorista e navegadora excelente, começaram uma viagem de 2 dias ao berço da fundação das Irmãs Franciscanas Bernardinas no Brasil – Dom Feliciano. A primeira parada na peregrinação foi em Camaquã, onde visitamos a escola bonita, São João Batista, que se tornou a primeira Casa Provincial e Casa de Formação das Irmãs Brasileiras. Tivemos a sorte de encontrar uma mulher jovem que era aluna da escola, conhecia muitas das irmãs e que era amiga da Ir. Marilisa. Com muita delicadeza, ela nos guiou pela casa e nos deu um tur no edifício de hoje – tão diferente da escola como era no passado.
Foi bastante triste, perceber que a manutenção do edifício tinha degenerada, mas ainda lindo ver pela primeira vez, e vizualizar através da memória da Ir. Marilisa, o esforço valente das nossas missionárias pioneiras americanas para plantar os sementes do futuro. Encontramos muitas pessoas no edifício que tinham grande prazer em acolher as Irmãs. Foi evidente que elas guardam muitas memórias preciosas da nossa presença forte e vibrante na sua comunidade pequena, e elas são muito agradecidas pela generosidade e pelos sacrifícios das Irmãs do passado.

O que me surpreendeu foi a semelhança do edifício, sua arquitetura e plano físico, à nossa Casa Mãe em Reading. Construído numa colina, num ponto alto da cidade, parece uma fortaleza – uma casa forte de Deus, colocada numa montanha, uma lâmpada brilhante de fé para o povo que almeja encontrar o caminho. Visitamos a Capela, situada no centro do edifício, e admiramos os vitrôs que são semelhants às janelas da Capela Sagrado Coração. Muitos foram dedicados aos pais das nossa irmãs missionárias Amelia, Theodorette e Terence, oferecidos pelas doações das suas famílias. A linda Via Sacra de marfim pendurada na parede dorsal e as imagens de São Francisco, Santa Clara e Madre Verônica que enfeitam as paredes são vínculos visíveis à nossa herança, mesmo que a escola não faça mais parte da nossa missão. Hoje em dia, a Igreja Luterana tem uma escola bem menor numa parte do edifício e os donos alugam alas e andares a outras agências que também usam o espaço.
Irmã Marilisa foi capaz de partilhar muita história e muitas memórias da sua juventude nesse lugar, especialmente a sua entrada como aspirante, a sua formação e suas primeiras tarefas na missão. Até nos mostrou seu primeiro quarto na ala das Irmãs! Durante essa visita, eu continuamente refletia na fé e na confiança na Divina Providência que marcaram a vida das nossa primeiras irmãs missionárias e suas seguidoras. Mulheres jovens literalmente concorriam em multidão para a congregação, tão encantadas eram com o zelo, a determinação e a promessa daquele grupo de mulheres alegres, vibrantes e empresariais, devotadas a Deus, vivas para viver o evangelho, determinadas a fazer uma diferença na vida do povo. Faziam tudo isso com amor e receberam muito amor de volta – tudo isso é tão evidente com o respeito, a gratidão e o carinho que experimentamos das pessoas que encontramos por tão pouco tempo. Na saída, Irmã Marilisa mostrou o nome da rua que passa pela frente daquela escola majestosa: Largo Madre Benjamina!

Após nossa visita em Camaquã, continuamos nossa viagem para Dom Feliciano. Chegamos pela tardinha, sendo acolhidas com muito amor e júbilo pelas irmãs do convento São José: Martires, Benildes, Iza, e Elma. Essa pequena comunidade se situa no centro de uma comunidade polonesa de imigrantes que chegaram no Brasil nos fins do século 19. Lá, nossa história se juntou com umas Irmãs missionárias de Polônia, que nos acolheram quando chegamos em 1937. Essa pequena cidade, situada no vale entre montanhas circundantes, é muito parecida à região campestre da Polônia, e os nomes de muitas lojas da cidade ainda terminam em "ski". Depois de nossa viagem longa, oferecemos uma ação de graças na capela e jantamos, comendo o pão delicioso polonês "bukka" (cuca), que eu não comi desde que as Irmãs em Reading terminaram seu serviço alimentar na Casa Mãe! Queijo bom, presunto, frutas e verduras da horta, café e chá maravilhoso completaram nosso banquete. Passamos a noite dormindo nos pequenos quartos que são parecidos aos quartos "klarykat" da nossa Casa Mãe original. Acordamos de manhã, para começar nossas visitas em Dom Feliciano.

Nossa primeira parada foi na cruz de Maria, Nossa Senhora de Czestochowa, erguida pela prefeitura alguns anos atrás e dedicada aos imigrantes poloneses que vieram e se estabeleceram em Dom Feliciano. O monumento e a Cruz muito altos são iluminados à noite, apontando a Cristo e a Maria que continuam a abençoar o povo e mostrar o caminho ao nosso futuro lar no céu. Depois, entramos na cidade e paramos na Farmácia São José, administrada por Ir. Martires, e que ainda pretence às Irmãs Franciscanas Bernardinas. Se situa ao lado do hospital que pertencia às Irmãs até 2010, quando foi vendido ao município. Encontramos a administradora, uma Irmã Franciscana do Senhor da Itália, que nos deu um tur completo e nos mostrou as reformas que foram feitas durante os anos e como a prefeitura continua construindo nossa herança. O hospital é pequeno, mas serve bem o povo daquela comunidade rural e continua a providenciar cuidados básicos para os pobres. Conseguimos ver a sala cirúrgica, a sala onde nascem as crianças, e alguns dos leitos para os pacientes. Encontramos muitas pessoas que nos acolheram com alegria durante nossa visita.
Também visitamos a Igreja Matriz, dedicada a Nossa Senhora de Czestochowa. O altar de madeira escura molda um ícone lindo de Maria, igual ao da Polônia, e rezamos pelas necessidades da nossa Congregação internacional sob o patrocínio de Maria. Também encontramos um senhor idoso que se lembrou de seus dias escolares na paróquia, e de suas professoras por nome: Irmãs Bernadette, Victorette, Procópia (Miriam Rose), Bernadette e Roberta. Ele era tão gracioso, e seu sorriso era radiante, quando soube que nós éramos Irmãs Franciscanas Bernardinas da atual geração.
As Irmãs estavam muito ansiosas para nos mostrar o projeto infantil, uma escolinha que funciona de manhã para crianças de 4 a 14 anos. Elas recebam educação complementar, pois assistem à escola pública da cidade. Em nenhum outro lugar se manifesta melhor a influencia das Irmãs Franciscanas Bernardinas do que nas salas tranqüilas e disciplinadas de crianças que se encantaram em nos acolher com amor e carinho. Cantaram nosso canto capitular de Madre Verônica, rezaram, nos ofereceram presentes e responderam às nossas perguntas com a avidez natural de crianças que querem se apresentar. Houve um espírito de ternura e doçura naquele lugar que trouxe as lágrimas aos meus olhos. Isso, pensei eu, é como eu também me lembro da minha educação elementar com as Bernardinas – cheia de propósito sério, histórias interesantes, jogos, risadas e muito amor. Enquanto nós preparávamos para partir, fomos convidadas a ficar com eles numa colina pequena em frente à escola para uma foto do grupo. Finalmente, após abraços e "ciaos", nós saimos. Eu voltaria para visitá-los de novo num piscar de olhos.
Voltamos para o convento para uma pequena refeição e uma oração de agradecimento. Depois, com o carro cheio de coisas para a Casa Provincial, começamos nossa viagem longa para casa. Sempre vou pensar nessa visita como uma peregrinação, uma caminhada aos lugares sagrados, onde pisei na terra sagrada onde nossas missionárias fundadoras construíram um futuro. É aqui que as histórias do passado, contadas pelas missionárias brasileiras que eu tive o privilégio de conhecer nos Estados Unidos, se tornaram vivas e eu, com os próprios olhos, vi as cenas que elas descreviam com tanta ternura e saudades do passado. Me deu o desejo de abrir nossos arquivos, revisitar as fotos, falar de novo com aquelas poucas que ainda estão no nosso meio, para que possamos manter viva a história, a memória sagrada que ainda tem o poder de inspirar um nascimento novo, uma nova vida para a congregação.

NOTA: Ir. Rosemary voltou para os Estados Unidos no dia 15 de novembro. Ir. Marilisa fica no Brasil, curtindo uma visita com sua família, até o dia 23 de novembro. Foi uma benção, tê-las conosco nestes poucos dias. Deus lhes abençoe no seu ministério!